quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Quanto tempo ainda até essa ferida cicatrizar?
Nunca nenhuma levou tanto tempo.
A superficialidade e a inconsequência não medem o mal que fazem aos malditos e burros centrados que admiram a razão, como eu.
Esses ridículos e fora de moda que ainda respeitam o amor.
Quem ama de verdade não fere assim.
Essa vida é irônica demais pra mim.

Ramona C. Reichert

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A mente do corpo e a mente do espírito.

           “Vovó disse que todos têm duas mentes.
Uma das mentes tem de fazer as coisas necessárias para o corpo viver. Você tem de usá-la para saber como encontrar abrigo, comida e outras coisas para o corpo. Ela disse que se tem de usá-la para encontrar um companheiro e companheira e ter filhos. Dizia que precisamos dessa mente para continuar a viver. Mas, dizia que também tínhamos uma outra mente, que não tinha nada a ver com essas coisas. Era a mente do Espírito.
            Vovó disse que se você usava a mente da vida do corpo para pensar ganancioso ou mesquinho, se estava sempre fazendo mal às pessoas e procurando maneiras de se aproveitar delas, então encolhia a mente do espírito, que murchava até ficar tamanho de uma noz.
            Vovó disse que quando o corpo morria, a mente da vida do corpo morria também, e se fora assim que você pensara durante toda a sua vida, era assim que ficava, com o espírito do tamanho de uma noz, já que a mente do espírito era a única coisa que vivia quando tudo mais morria. E depois, quando você tornava a nascer, o que era inevitável, como dizia Vovó, você nascia com uma mente do espírito de noz, que não tinha praticamente compreensão de coisa alguma.
            E podia então encolher ao tamanho de uma ervilha, até desaparecer, se a mente da vida do corpo assumisse o comando total. Nesse caso, você perderia por completo o espírito.
            Era assim que você se tornava uma pessoa morta. Vovó disse que se podia reconhecer as pessoas mortas com a maior facilidade. Eram as que olhavam para uma mulher e só viam coisas obscenas, as que olhavam para outras pessoas e só viam coisas ruins, as que olhavam para uma árvore e só viam madeira e lucro, nunca beleza. Vovó disse que eram os morto ambulantes.
            Vovó disse que a mente do espírito era como qualquer outro músculo. Se você usava, ficava maior e mais forte. E a única maneira de fazer com que se tornasse assim era usá-la para compreender, mas não se podia abrir a porta para isso ate que se deixasse de ser ganancioso e coisas parecidas com a mente da vida do corpo. Era então que a compreensão começava a assumir o controle, e quanto mais se tentava compreender, maior ficava.
            Era natural, disse ela, que a compreensão e o amor fossem a mesma coisa, só que as pessoas muitas vezes se confundiam, tentando fingir que amavam as cosias quando não as compreendiam, o que não é possível.”


Trecho do livro “O aprendizado de Pequena Árvore”.
Lindo, lindo, lindo.
Eu indico.
Brevemente, é a história de um menino de cinco anos que perde os pais e vai morar na mata com os avós, índios cherokees. Com eles, o menino “Pequena Árvore” aprende tudo que precisa para se tornar um “homem”.
 
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Pois é, quantos mortos e mortas ambulantes têm por aí.
É mesmo muito fácil identificá-los(as), principalmente aqueles(as) que só vêem coisas ruins nos outros e não percebem que os outros não são TODOS ruins, não percebem que acham isso porque a própria mente do espírito não tem sequer o tamanho de uma ervilha.
Desejo que evoluam, até lá, contem com a minha indiferença.