segunda-feira, 7 de março de 2011

O silêncio é dádiva do conteúdo.

Hoje, sem mais textos, quero deixar aqui registrada uma idéia que me toma:
Eu não estou na disputa, portanto apesar da força que tenho, não sou ameaça. Não quero estar na briga, na peleja, nem na sombra. Eu só quero ficar na minha, levar meus dias tranqüila, estudar tudo que me instiga, ouvir meu Rock 'n roll e um pouco de MPB, encontrar meus amigos no bar, ler meus livros e transcrever meus excessos. Eu nem quero grana, nem nome, nem qualquer status bobo. Sendo assim, me deixem fora dessa corrida maluca em que a vida foi transformada, deixem o meu tapete onde ele está, eu não quero mais que ir voando com ele até a Universidade.
O tempo é raridade, depois que passou nunca mais! Para que perder ele com coisas pequenas, palavras miúdas, vontades mesquinhas, joguinhos hipócritas? Desculpem vocês, mas eu prefiro usar o meu para evoluir espiritualmente, para aumentar minha luz, para conquistar mais amigos, mais sorrisos, mais simpatia e empatia. Sim, eu sou feliz, sou inteligente e tenho motivos para gargalhar muitas vezes por dia. O que pode ser mais bonito que isso?


Não desejo que alguém se compadeça de tão seco coração.
A mediocridade é digna de pena.
Tanta maldade não merece compaixão,
Tamanhos desfavorecidos intelectualmente
Tornam-se absurdamente inconvenientes quando
Despendem suas vidas em tentar ser o que não são,
O que não serão,
   Porque Deus não os contemplou com a humildade
Só vazio absoluto.
Por tal mortal não se cria piedade
E por eles não há bandeira em meia haste simbolizando a dor do luto.
Eu, no meio do fogo cruzado da futilidade
Defendo sozinho os ideais pelos quais luto.
Continuo tendo a inteligência como aliada
E faço dela escudo pela minha felicidade.
Procurando não ser bruto com que não cala,
Aprendi que o silêncio é dádiva do conteúdo.

Ramona C. Reichert (meus excessos, postado em 27 de maio de 2010)

sábado, 5 de março de 2011

A Fuga


Sonho.
No fundo ela sabia que aquilo havia sido apenas sonho ou no fim das contas ficou por parecer.
Muita realidade, desencaixada e distorcida, um tempo depois parece mesmo não ter existido a não ser pela poeira alta que fica por onde passaram aqueles pés tortos.
Sonho, que fique por sonho, ela pensava.
A realidade que tinha nas mãos agora era tão maior que não importava mais.
Nos últimos dias só atendia as vontades do coração, as mais improváveis e as reprováveis também.
Não demorou muito para perceber que estava certa, que tinha acertado na escolha de vez.
Depois de tantas noites tão cheias de gente que fediam a vazio, a ausência pura, a hipocrisia crua escrachada em sorrisos entorpecidos e ocos em meio aquele cheiro de suor, álcool, fumaça e lágrima omissa, em cima dos pés doidos enfiados em um salto que não elevava sua moral, sua estima, que sequer fazia notar sua presença no meio de toda aquela gente que não existia pra ninguém. Afogada naquela carência absurda se entregando àqueles vulgos lances casuais que hoje lhe pareciam nojentos. Saturada daquela ladainha de gente burra, sem visão, sem ideal, sem paixão, com tesão apenas por aquelas coisas tão simplistas, por aquelas danças escrotas, aquelas conversas bobas e opiniões superficiais. Onde estava a vida de toda aquela gente morta que ela encontrou?
Pra onde ia a sua própria vida?
Fugiu, fugiu de tudo.
Mas não sabe até que hora vai seguir sem se perguntar: - será que não estavam todos os outros certos?