domingo, 14 de junho de 2009

Eu via naquele rosto
Uma expressão saturada,
Ensaiando um sorriso
Que os músculos desmotivados não davam conta de sustentar.
Parecia inseguro,
Como quem dá passos no escuro.
Não sei o que eu procurava,
Mas já não via sequer resquício
Da antiga alegria exacerbada.
Será que eu procurava brilho naqueles olhos?
Se era, não encontrei. Só senti...
Por algo aquele olhar clamava.
Não! Não chorava! Mas implorava.
Havia deixado seu brilho em algum lugar do passado.
Não há como voltar aos lugares do passado,
São jardins cerrados onde jamais alguém irá entrar.
Sua beleza só é viva na memória dos que ali pisaram.
Nem se arrepender é eficaz,
Esses jardins nunca se abrem para uma segunda visita ou para um passeio que não foi dado,
Afastam-se no tempo e inutilmente tentamos os localizar nos momentos solitários.
Nem perca seu tempo!
O brilho pelo qual você reclama não lhe foi roubado.
Foi deixado, esquecido por você
Em algum desses jardins que o tempo tratou de levar para longe.
E ainda que você o encontre,
Ele não se abrirá.

domingo, 7 de junho de 2009

No fundo nós sabiamos que isso não acabaria bem,
E agora entendemos porquê tanta gente disse que não iriamos além.

Hoje ao meu lado, na cama vazia, não tem mais ele.
Não tem mais ele dirigindo o meu carro,
Não tem mais ele ascendendo um cigarro.
Não tem,
Não tem.

Não tem mais nós dois sob o sol na varanda,
Nem mais seu jeitinho que de insosso engana.
Não tem mais jantares, almoços, motéis,
Nem mais suas palavras cruéis.
Não tem,
Não tem.

Ainda Bem!

Ele fica melhor de boca fechada!
Não! Nnão foi um crime passional,
Aquilo nem era paixão.
Foi bem racional, homicidio intencional
E com a mesma frieza com que ele nem me dizia "bom dia" todas as manhãs.

terça-feira, 2 de junho de 2009

"Esta tarde eu parto.
Não venham se despedir.
Não quero levar a imagem do sorriso dos que invejam
Nem das lágrimas dos que lamentam.
Não quero levar nada daqui,
Sequer quero levar algo de mim.
Vou vazia, limpa, leve.
Deixarei aqui toda essa sujeira, toda a bagunça, a mesquinhez.
Todo o orgulho por esse nada que construi
e agora deixo ao tempo,
deixo para o tempo destruir enquanto parto.
Eu parto para o desconhecido,
eu parto à procura do que procurar,
assim mesmo, bem perdida
mas sem o peso das certezas, dos limites, das determinações.
Eu parto à procura de algo em mim
Deixo para trás o "para" mim
e procuro o "por mim"
Preciso de algo por mim.
Eu parto sem mãos a acenar,
parto sem culpa e sem ressentimento.

Sei que partir é mesmo o único modo
de fazer notar que um dia estive aqui. "