quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Adeus 2010.

Enfim me alcançam as reflexões de fim de ano.

2010 foi um ano intenso.
Nada aconteceu “mais ou menos”, tudo foi extremo.

Os tombos foram de me quebrar toda.
E as alegrias, da mais absoluta euforia.

Quando eu ri, foi de gargalhar, foi da barriga doer.
Mas quando eu chorei, foi de querer morrer, de querer matar.
A vida não tem graça se não for assim.

Algumas coisas que aconteceram nesse ano eu prefiro esquecer, mas não consigo e sei que vou levar em um canto escuro do coração para o resto da vida.
Outras, meu peito festeja todos os dias e me fazem felizcom confetes e cantoria.

Em 2010 eu me encarei.
Eu testei minha força.
Eu enfrentei minha independência
Eu descobri que sei perdoar, mas que não sei ignorar.
Eu provei coisas desconhecidas até então.
Errei muito, mas acertei outro tanto.

Eu descobri que luto até o fim pelos outros, até acabar desistindo de mim.
Em 2010 eu desisti de mim e quando me dei conta ainda não tinha desistido da luta. Eu ainda não desisti da luta e 2011 está quase chegando. (Isso me fez lembrar da música do Skank: “Duas luas sobre a Terra apoiadas nos meus ombros iluminam os escombros da nossa última guerra. Seu amor seca hidroelétricas, corrompe os melhores diáconos, seu amor esquenta os átomos e rompe com a minha métrica. Seu amor justifica a crueldade, troca o caminho do tempo, seu amor muda o curso do vento e ilumina toda a cidade. E a poeira não deixou de cair, passeia aqui através de mim e encontra assim o fim. E a poeira não deixou de cair, passeia aqui através de mim e encontra assim da guerra em nós o fim”.)

Em 2011 eu quero borboletas, passarinhos e joaninhas, quero azul, quero verde, quero branco, quero mato, água, fogo, terra, eu quero Beatles, Alanis, Janis, quero cabeça fria e corpo quente, corpos, eu quero mais que agora, quero vida e equilíbrio, eu quero brilho, meus livros, meu amor e meus amigos.

Ahh... meus amigos, eu quero ficar com conforto da companhia deles.
Ultimamente minha alegria está neles e no meu trabalho.

No ano 2010 a maioria dos meus amigos estava longe... um mais longe que o outro, buscando cada um o seu sonho. Não foi fácil para mim ficar aqui sem eles e por isso esse ano me ensinou que distância não enfraquece amizade e que o amor de amigo é o mais forte e é sempre puro e sem dores.
Agora minha casa está cheia deles outra vez, todos aqui, todos bem perto, fazendo barulho, trazendo cores e me dando alegrias, recordando o passado, vivendo mais história pra contar, fazendo meu telefone tocar o tempo todo, me levando para tudo quanto é lado. Quanto mais perto deles, mais perto de mim mesma eu fico (Mana, Geison, Mari, Domy, Ander, Gi, Luz CADA ANO QUE PASSA EU QUERO MAIS A COMPANHIA DE VOCÊS E AMO AMO AMO AMO.).

Além dos de sempre, esse ano eu descobri um amigo muito importante, que nunca pareceu ser tanto e que passou muitos anos longe, mas que na hora de provar a amizade, não se escondeu. Esse amigo me falou o que tinha que ser dito, contou o que os outros esconderiam e esconderam, me deu força, confortou e encorajou. A única felicidade que a desgraça me provocou foi ver quão forte era a nossa amizade e como eu podia confiar em alguém, pelo menos em alguém naquele momento. Eu ainda vou retribuir toda atenção e paciência que ele teve comigo em 2010. (Dolly, o Monão te ama e torce muito por ti.)

Esse fim de ano também foi feliz porque conheci pessoas que eu já conhecia, isso mesmo... conheci melhor  amigos muito especiais e entendi que são pessoas de uma alma linda, linda (Isra, Ronaldo, Erida e Mara, isso é pra vocês).

É fato que outros amigos mostraram características que eu não conhecia. Mas, do lado de todas as qualidades ainda vale a pena ficar por perto. Já relevei coisas muito piores.

Eu me sinto muito abençoada sempre que penso nas pessoas que tenho na minha vida. Eu sou abençoada mesmo, porque tenho os melhores amigos que alguém poderia ter.

Sinto pelos que se afastaram ou dos quais eu me afastei e não consegui resgatar. Ainda estou aqui (viu Gustavo?! entre outros).

 Se emocionalmente 2010 passou pela minha vida como um temporal (com direito a todas as calmarias de depois do vendaval),  minha vida profissional foi do mais absoluto equilíbrio. 
Eu quero ser em 2011 uma profissional ainda melhor. A bem da verdade 2010 foi bom no trabalho porque tenho colegas muito especiais. Colegas crescendo comigo e isso me deixa muito feliz.
Sei que sempre tem alguém desejando nossa infelicidade, imagino que por inveja, mas isso é tão menor que toda a alegria que existe no nosso ambiente de trabalho que chega a me fazer rir (e sentir pena em alguns momentos). Hoje mesmo uma senhora que trabalha lá me disse que eu tenho que ter uma energia muito forte pra agüentar o tamanho da inveja que alguém sente de mim. Eu respondi pra ela que eu nem percebo, eu tenho tanta energia boa perto de mim, tanta admiração que vai e vem, que a energia negativa e a inveja se encolhem, não chegam, não me abatem. Eu sou quem sou porque estudo MUITO e trabalho MUITO, e as pessoas que gostam de mim, gostam porque eu sou eu mesma sempre, sem cortes, sem fingimentos, sem meios termos.

Em 2011 eu preciso aprender mais, aprender outras coisas.
Em 2011 eu quero descobrir a Ramona por ela mesma, não mais pelos outros apenas.
FELICIDADE E TRANQUILIDADE.

Queridos meus, FELIZ 2011...
Muita paz, alegria, amor, amizade, compreensão, música, gargalhadas, lágrimas sinceras, sabedoria e luz pra TODOS NÓS.

Ramona.


quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Via Láctea

Ouvi essa música sem parar quando perdi meu vô/pai.
Não sei porque, mas hoje ela me veio à mente, depois de muito tempo.


"Quando tudo está perdido sempre existe um caminho,
Quando tudo está perdido sempre existe uma luz.
Mas não me diga isso, hoje a tristeza não é passageira, hoje fiquei com febre a tarde inteira e quando chegar a noite cada estrela parecerá uma lágrima.
Queria ser como os outros e rir das desgraças da vida ou fingir estar sempre bem, ver a leveza das coisas com humor, mas não me diga isso.
É só hoje e isso passa, só me deixe aqui quieto, isso passa
Amanhã é um outro dia, não é?
Eu nem sei porque me sinto assim vem de repente um anjo triste perto de mim.
E essa febre que não passa e meu sorriso sem graça, não me dê atenção, mas obrigado por pensar em mim.
 
Quando tudo está perdido sempre existe uma luz.
Quando tudo está perdido sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido não quero mais ser quem eu sou,
Mas não me diga isso, não me dê atenção e obrigado por pensar em mim"

domingo, 26 de dezembro de 2010

Como se faz para abandonar um barco que você já abandonou?
Eu tento me convencer do contrário, mas
Depois de furado, só afunda mais essa embarcação colorida de histórias, habitada por duas vidas e esburacada por erros absurdos.

Lá se vai, afundando em água de pranto cada dia mais.

- Um milagre por favor.

Ramona C. Reichert


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O velho e o moço

Letra que tem dito muito para mim e sobre mim nos últimos dias.

Rodrigo Amarante

"Deixo tudo assim, não me importo em ver a idade em mim,
Ouço o que convém.
Eu gosto é do gasto.
Sei do incômodo e ela tem razão quando vem dizer que eu preciso sim, de todo o cuidado.
E se eu fosse o primeiro a voltar pra mudar o que eu fiz, quem então agora eu seria?
Ahh, tanto faz que o que não foi não é
Eu sei que ainda vou voltar...  

Mas eu quem será?


Deixo tudo assim, não me acanho em ver vaidade em mim,
Eu digo o que condiz.
Eu gosto é do estrago.
Sei do escândalo e eles têm razão quando vêm dizer que eu não sei medir nem tempo e nem medo.
E se eu for o primeiro a prever e poder desistir do que for dar errado?
Ahhh
Ora, se não sou eu, quem mais vai decidir o que é bom pra mim?
Dispenso a previsão!
Ah, se o que eu sou é também o que eu escolhi ser,
Aceito a condição!

Vou levando assim que o acaso é amigo do meu coração
Quando fala comigo,
Quando eu sei ouvir..."

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Das coisas que não são minhas

Depois de decidido,
Faça a força que quiser e assista a pedra não se mover.

A vida fica melhor depois que você compreende que é assim que deve ser.

Aceite
Não importa o bem que você faça,
O esforço que dispenda, 
A dedicação que devote,
As feridas que tente curar bravamente,
As dores físicas de agressões,
As dores morais de traições,
As dores emocionais da possessão,
Se você abandonar o barco, será crucificado.

Não se abale.
Algumas pessoas são assim mesmo...
Fantasiam a realidade para se sentirem menos culpadas pelo que lhes acontece.
Outras, imbecis, acreditam e apedrejam a sua cruz.

É fato
Cada um que olhe para os seus erros
Mas para aqueles que já perderam os seus de vista,
Não sobra muito senão se ater aos poucos de quem sofre nessa inquisição moderna e mesquinha.

Não se assuste
O jeito mais fácil é culpar quem está mais perto.
Você não precisa aceitar todas as culpas...
Livre-se delas e pratique a indiferença.

Ame o quanto puder amar.
Mas quando a dor for maior que o amor,
Não insista.
Desista
Por mais que você tente e pratique o bem, não vai adiantar, 
No final o algoz será você.

Ramona C. Reichert

Ao som de "Tudo sobre amor e perda" do Leoni

Deixa o circo para lá

“Vamos lá
O circo chegou
O palhaço não tarda a começar seu número.”

Todos já haviam previsto, me avisado e anunciado que eu não deveria comparecer.

Todo palhaço é infeliz...
 
Ramona C. Reichert

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Ela era toda miúda
E tinha os pés pequenos,
Mas nem por isso parecia delicada.
Estava viva apenas para sonhar.

Fora do seu quarto o mundo todo se ajeitava,
Colorido e acelerado.
Dentro do seu mundo, presa no quarto, nada aliviava
Escuro e estagnado.

Resignada à sua escolha,
Inconformada com a espera
Sabia que nada aconteceria.
Cabia a ela destrancar as portas ou seguir comovendo-se consigo mesma, só.

Seguia comovendo-se consigo mesma, só.
Abrindo as janelas só pra sonhar,
Desajustada à realidade que desejou. 

Ramona C. Reichert

sábado, 20 de novembro de 2010

É o que me interessa

"A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito

Só o que me interessa".

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Hoje eu queria te falar
Dessas coisas tão minhas que o mundo não sabe,
E das tantas voltas que ele dá em torno do meu eixo.

Queria falar...
Desses lances ocultos no espaço escuro de um peito que cala.
Dessas coisas de sol, de água fresca, de brisa da tarde e de temporal.
Dessas coisas de gente bicho, gente instinto, gente crua.
Coisas de carne, mais do que de sangue, mais do que de pulso.

Queria falar sobre coisas que não se fala, que só se sente,
Porque eu sou sentir, sentir, sentir, sentir, sentir.
Indefinido sentir, apenas infinito sentir.
Eu sou os próprios sentidos de tão a flor da pele que vivo, de tão à beira de mim mesma que me mantenho.

Eu queria, apenas queria.
Me contento em nada dizer hoje, amanhã ou depois.
Prefiro absorver só todo esse universo que noto e vivo, mas que não divido.
Prefiro admirar também só, esse mal/bendito tempo que dá, que tira, que leva, que traz, que machuca, que mascara, que ilude, que cura e faz trapassa,
Mas que acima de tudo passa... passa... passa e me deixa pra trás.

Hoje, eu vou aproveitar sozinha o sol do meu dia.
Hoje, não vou falar, não vou esperar, sequer desejar.
Hoje, eu vivo o hoje, feliz com aquilo que o tempo me deu.





Me basta.

Ramona C. Reichert

terça-feira, 16 de novembro de 2010

(O Vencedor. Marcelo Camelo)

"Olha lá,
Quem vem do lado oposto, vem sem gosto de viver.
Olha lá,
Que os bravos são escravos sãos e salvos de sofrer.
Olha lá,
Quem acha que perder é ser menor na vida.
Olha lá,
Quem sempre quer vitória e perde a glória de chorar.
Eu que já não quero mais ser um vencedor, levo a vida devagar pra não faltar amor.
(...)
Eu que já não sou assim, muito de ganhar, junto às mãos ao meu redor, faço o melhor que sou capaz só pra viver em paz".


Acho que hoje eu acordei meio Los Hermanos.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Quanto tempo ainda até essa ferida cicatrizar?
Nunca nenhuma levou tanto tempo.
A superficialidade e a inconsequência não medem o mal que fazem aos malditos e burros centrados que admiram a razão, como eu.
Esses ridículos e fora de moda que ainda respeitam o amor.
Quem ama de verdade não fere assim.
Essa vida é irônica demais pra mim.

Ramona C. Reichert

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A mente do corpo e a mente do espírito.

           “Vovó disse que todos têm duas mentes.
Uma das mentes tem de fazer as coisas necessárias para o corpo viver. Você tem de usá-la para saber como encontrar abrigo, comida e outras coisas para o corpo. Ela disse que se tem de usá-la para encontrar um companheiro e companheira e ter filhos. Dizia que precisamos dessa mente para continuar a viver. Mas, dizia que também tínhamos uma outra mente, que não tinha nada a ver com essas coisas. Era a mente do Espírito.
            Vovó disse que se você usava a mente da vida do corpo para pensar ganancioso ou mesquinho, se estava sempre fazendo mal às pessoas e procurando maneiras de se aproveitar delas, então encolhia a mente do espírito, que murchava até ficar tamanho de uma noz.
            Vovó disse que quando o corpo morria, a mente da vida do corpo morria também, e se fora assim que você pensara durante toda a sua vida, era assim que ficava, com o espírito do tamanho de uma noz, já que a mente do espírito era a única coisa que vivia quando tudo mais morria. E depois, quando você tornava a nascer, o que era inevitável, como dizia Vovó, você nascia com uma mente do espírito de noz, que não tinha praticamente compreensão de coisa alguma.
            E podia então encolher ao tamanho de uma ervilha, até desaparecer, se a mente da vida do corpo assumisse o comando total. Nesse caso, você perderia por completo o espírito.
            Era assim que você se tornava uma pessoa morta. Vovó disse que se podia reconhecer as pessoas mortas com a maior facilidade. Eram as que olhavam para uma mulher e só viam coisas obscenas, as que olhavam para outras pessoas e só viam coisas ruins, as que olhavam para uma árvore e só viam madeira e lucro, nunca beleza. Vovó disse que eram os morto ambulantes.
            Vovó disse que a mente do espírito era como qualquer outro músculo. Se você usava, ficava maior e mais forte. E a única maneira de fazer com que se tornasse assim era usá-la para compreender, mas não se podia abrir a porta para isso ate que se deixasse de ser ganancioso e coisas parecidas com a mente da vida do corpo. Era então que a compreensão começava a assumir o controle, e quanto mais se tentava compreender, maior ficava.
            Era natural, disse ela, que a compreensão e o amor fossem a mesma coisa, só que as pessoas muitas vezes se confundiam, tentando fingir que amavam as cosias quando não as compreendiam, o que não é possível.”


Trecho do livro “O aprendizado de Pequena Árvore”.
Lindo, lindo, lindo.
Eu indico.
Brevemente, é a história de um menino de cinco anos que perde os pais e vai morar na mata com os avós, índios cherokees. Com eles, o menino “Pequena Árvore” aprende tudo que precisa para se tornar um “homem”.
 
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Pois é, quantos mortos e mortas ambulantes têm por aí.
É mesmo muito fácil identificá-los(as), principalmente aqueles(as) que só vêem coisas ruins nos outros e não percebem que os outros não são TODOS ruins, não percebem que acham isso porque a própria mente do espírito não tem sequer o tamanho de uma ervilha.
Desejo que evoluam, até lá, contem com a minha indiferença.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Nobre ou Imbecil?

Não é confusão
Ser assim, por ser só sentir.
É fato e é tão puro quanto dói.
Mas é
E em ninguém mais vi isso até então.

Não sei odiar,
Me tomo de ira e viro uma onda que engole o objeto do meu ódio e esparrama rancor por onde passa, forte, implacável, dura e cruel....
mas que nunca dura muito.
Minha maré de ódio logo baixa,
eu nasci para o amor.

Perdôo.
A bem da verdade eu sempre perdôo.
Se alguém tem que sofrer que seja eu mesma,
prioridade secundário da minha própria vida.
Tenho a frente sempre os outros
E no fim...
Amo o adversário.
Olho quem me parte ao meio com admiração por ter acertado a mira,
Por ter tido mais força que eu, porque não é fácil me derrubar.

Eu amo o inimigo.
E vejo beleza nele.
Sei que é o que me instiga...

Nobre ou imbecil?

A conquista é desafio e minha incapacidade para o ódio faz nascer o arrependimento alheio. 


Ramona C. Reichert 

domingo, 12 de setembro de 2010

O Romântico em Mim

Matheus Torreão
 
Se o segredo pra ser feliz é sorrir,
Se o segredo pra sonhar é não desistir,
Eu te peço ó minha amada me diz...
O que é que eu to fazendo aqui?

Não se importe comigo, eu já sei pra onde ir
Vou pra outro universo bem longe daqui,
E quem sabe lá mesmo eu já vou descobrir
Se valeu a pena ou não partir

Porque eu não quero acordar...
Eu não quero entender...
Eu não quero escrever sobre amor pra você...
Eu não quero cantar...
Tudo belo que há...
O romântico em mim não quer mais trabalhar.

Ainda bem que me resta o poder de mentir,
Assim eu vou conservar o que resta de mim.
Só me dê um motivo pra poder destruir
O que sobrou de nosso jardim

Porque eu não quero acordar
Eu não quero entender
Eu não quero escrever sobre amor pra você
Eu não quero cantar
Tudo belo que há
O romântico em mim não quer mais trabalhar

Não eu não quero deixar tudo como está.
Só me faça o favor de deixar tudo com está.

Porque eu não quero acordar
Eu não quero entender
Eu não quero escrever sobre amor pra você
Eu não quero cantar
Tudo belo que há
O romântico em mim não quer mais trabalhar

Não quer mais perdoar ,desistiu sem tentar
Então eu vou deixar ele descansar
Então eu vou deixar tudo como está

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

É essa estranheza que me perturba.
Eu saio e volto e tudo fica do jeito que deixei.
Perturba, mas não é uma perturbação ruim, como não é boa.
Eu estou feliz, embora com uma dor contínua, mas suave, que não dá trégua, como se tivesse no meio do coração um hematoma que não me deixa esquecer que ele existe.
Na casa as roupas estão lisas, o chão limpo, os móveis lustrados, o cachorro está mais feliz e as flores mortas no vaso continuam lá para me recordar que ninguém trará novas.
Tranquilamente eu chego, atiro o peso do dia no chão e me jogo na poltrona. Pela quarta vez eu leio “A Paixão segundo G.H.” e afirmo com ela, eu também não quero o que eu vi e também já não sou nem serei mais a mesma depois do que vi e vivi. Não quero saber quem me odeia um ódio indiferente ou o quanto doeu me desfazer de uma terceira perna que me mantinha segura, embora imóvel. Eu estou sozinha na sala, na casa, na alma, ninguém faz barulho, o telefone não toca e ninguém me oferece um café, posso ler sem perturbações, sem aquelas coisas que a gente vê como perturbações quando quer se convencer de que foi melhor assim.
Percebo que estou mais sozinha do que nunca, mas em paz com a minha solidão, me sinto tão completa na minha condição de mulher que eu mesma me basto.

Ramona C. Reichert

sábado, 28 de agosto de 2010

A casa caiu


A casa já estava mesmo muito suja e o vendaval do fim do verão já havia arrancado seu telhado e abalado sua estrutura.
Tentei com a ardente dedicação de quem tenta salvar a própria vida reconstituir todos aqueles porta retratos espatifados como confiança traída, colando caco por caco com o desejo mais puro de que voltassem a perfeição sem qualquer vestígio de queda, de descuido, de agressão.
Inútil.
Ingenuidade.
Também já não era mais possível salvar os livros de cabeceira, encharcados, transfigurados, embebidos de uma água que não era da chuva que invadia o espaço e logo me afogaria, mas de uma água salgada amarga.
Sabia que cedo ou tarde teria que fazer as malas e abandonar o barraco ruído que inutilmente eu tentei reconstruir, antes que ele caísse sobre a minha cabeça de vez e provocasse cicatrizes ainda piores do que as que provocaram os cacos dos porta retratos quebrados.
Eu não quero culpar o vento, a água, os cortes, nem quero me sentir fraca por não ter conseguido segurar as paredes.
Só quero sair com a minha mala leve, sem o peso de culpas que não são minhas, embora eu as tenha comprado, e das dores que não me permito sentir porque eu fiz o que pude.  A minha mala vai leve para eu poder buscar tranqüila outro abrigo, forte e com boa estrutura, claro, arejado, limpo e de preferência bem no alto, em alguma montanha onde o ar seja fresco e a vista linda.

Ramona C. Reichert
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Ultimamente tenho feito coisas que há muito tempo não fazia, até ouvir Angra


"Make believe
There's no sorrow in your eyes
Can't you see
We could never get back from the start
Minutes waiting, life's been wasted

And I've tried,
Maybe you deny
Words of peace
For the future of our lives
Bring to me
Something else than a broken heart
I won't wait 'till my life is wasted"

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Amor pra recomeçar

  Frejat,Mauricio Barros e Mauro Sta. Cecília

Eu te desejo não parar tão cedo,
Pois toda idade tem prazer e medo...

E com os que erram feio e bastante,
Que você consiga ser tolerante...


Quando você ficar triste que seja por um dia e não o ano inteiro
E que você descubra que rir é bom,
Mas que rir de tudo é desespero...

...
Eu te desejo muitos amigos,
Mas que em um você possa confiar
E que tenha até inimigos para você não deixar de duvidar...

...
Desejo que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado ainda, exista amor para recomeçar
 
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É isso.

sábado, 21 de agosto de 2010

Natureza viva

Caio Fernando Abreu 

Como você sabe, dirás feito um cego tateando, e dizer assim, supondo um conhecimento prévio, faria quem sabe o coração do outro adoçar um pouco até prosseguires, mas sem planejar, embora planejes há tanto tempo, farás coisas como acender o abajur do canto depois de apagar a luz mais forte no alto, criando um clima assim mais íntimo, mais acolhedor, que não haja tensão alguma no ar, mesmo que previamente saibas do inevitável das palmas molhadas de tuas mãos, do excesso de cigarros e qualquer coisa como um leve tremor que, esperas, não transparecerá em tua voz. Mas dirás assim, por exemplo, como você sabe, a gente, as pessoas infelizmente têm, temos, essa coisa, as emoções, mas te deténs, infelizmente? o outro talvez perguntaria por que infelizmente? então dirás rápido, para não te desviares demasiado do que estabeleceste, qualquer coisa como seria tão bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas infelizmente, insistirás, infelizmente nós, a gente, as pessoas, têm, temos
- emoções. Meditarias: as pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem há o que são e nem sempre se mostra. Há os níveis não formulados, camadas imperceptíveis, fantasias que nem sempre controlamos, expectativas que quase nunca se cumprem e sobretudo, como dizias, emoções. Que nem se mostram. Por tudo isso, infelizmente, repetirás, insistirás completamente desesperado, e teu único apoio será a mão estendida que, passo a passo, raciocinas com penosa lucidez, através de cada palavra estarás quem sabe afastando para sempre. Mas já não sou capaz de me calar, talvez dirás então, descontrolado e um pouco mais dramático, porque meu silêncio já não é uma omissão, mas uma mentira. O outro te olhará com olhos vazios, não entendendo que teu ritmo acompanharia o desenrolar de uma paisagem interna absolutamente não verbalizável, desenhada traço a traço em cada minuto dos vários dias e tantas noites de todos aqueles meses anteriores, recuando até a data maldita ou bendita, ainda não ousaste definir, em que pela primeira vez o círculo magnético da existência de um, por acaso banal ou pura magia, interceptou o círculo do outro.
No silêncio que se faria, pensas, precisarás fazer alguma coisa como colocar um disco ou ensaiar um gesto, mas talvez não faças nada, pois ele continuará te olhando com seus olhos vazios no fundo dos quais procuras, mergulhador submarino, o indício mínimo de algum tesouro escondido para que possas voltar à tona com um sorriso nos lábios e as mãos repletas de pedras preciosas. Mas nesse silêncio que certamente se fará talvez acendas mais um cigarro, e com a seca boca cerrada sem nenhum sorriso, evitarias o mergulho para não correres o risco de encontrar uma fera adormecida. Teu coração baterá com força, sem que ninguém escute, e por um momento talvez imagines que poderias soltar os membros e simplesmente tocá-lo, como se assim conseguisses produzir uma espécie qualquer de encantamento que de repente iluminaria esta sala com aquela luz que tentas em vão descobrir também nele, enquanto dentro de ti ela se faz quase tangível de tão clara. Nítida luz que ele não vê, esse outro sentado a teu lado na sala levemente escurecida, onde os sons externos mal penetram, como se estivessem os dois presos numa bolha de ar, de tempo, de espaço, e novamente encherás o cálice com um pouco mais de vinho para que o líquido descendo por tua garganta trêmula vá ao encontro dessa claridade que tentas, precário, transformar em palavras luminosas para oferecer a ele. Que nada diz, e nada dirás, e sem saber por quê imaginas um extenso corredor escuro onde tateias feito cego, as mãos estendidas para o vazio, pressentindo o nada que tu mesmo prepararias agora, suicida meticuloso, através de silêncios mal tecidos e palavras inábeis, pobre coisa sedente, te feres, exigindo o poço alheio para saciar tua sede indivisível.
Anjos e demônios esvoaçariam coloridos pela sala, mas o caçador de borboletas permanece parado, olhando para a frente, um cigarro aceso na mão direita, um cálice de vinho na mão esquerda. A presença do outro latejaria a teu lado quase sangrando, como se o tivesses apunhalado com tua emoção não dita. Tuas mãos apoiadas em bengalas mentirosas não conseguiriam desvencilhar o gesto para romper essa espessa e invisível camada que te separa dele. Por um momento desejarás então acender a luz, dar uma gargalhada ridícula, acabar de vez com tudo isso, fácil fingir que tudo estaria bem, que nunca houve emoções, que não desejas tocá-lo, que o aceitas assim latejando amigo belo remoto, completamente independente de tua vontade e de todos esses teus informulados sentimentos. No momento seguinte, tão imediato que nascerá, gêmeo tardio, quase ao mesmo tempo que o anterior, desejarás depositar o cálice, apagar o cigarro e estender duas mãos limpas em direção a esse rosto que sequer te olha, absorvido na contemplação de sua própria paisagem interna. Mas indiferente à distância dele, quase violento, de repente queres violar com tua boca ardida de álcool e fumo essa outra boca a teu lado. Desejarás desvendar palmo a palmo esse corpo que há tanto tempo supões, com essa linguagem mesmo de história erótica para moças, até que tua língua tenha rompido todas as barreiras do medo e do nojo, subliterário e impudico continuas, até que tua boca voraz tenha bebido todos os líquidos, tuas narinas sugado todos os cheiros e, alquímico, os tenhas transmutado num só, o teu e o dele, juntos - luz apagada, clichê cinematográfico, peças brancas de roupa cintilando jogadas ao chão.
E desejá-lo assim, com todos os lugares-comuns do desejo, a esse outro tão íntimo que às vezes julgas desnecessário dizer alguma coisa, porque enganado supões que tu e ele vezenquando sejam um só, te encherá o corpo de uma força nova, como se uma poderosa energia brotasse de algum centro longínquo, há muito adormecido, todas as princesas de todos os contos de fada desfilam por tua cabeça, quem sabe dessa luz oculta, e é então que sentes claramente que ele não é tu e que tu não serás ele, esse ser, o outro, que mágico ou demoníaco, deliberado ou casual te inflama assim de tolos ardores juvenis, alucinando tua alma, que o delírio é tanto que até supões ter uma. Queres pedir a ele que simplesmente sendo, te mantenha nesse atormentado estado brilhante para que possas iluminá-lo também com teu toque, tua língua terna, a rija vara de condão de teu desejo. Mas ele nada sabe, nem saberá se permaneceres assim, temeroso de que uma palavra ou gesto desastrados seriam capazes de rasgar em pedaços essa trama onde te enleias cada vez mais sem remédio, emaranhado em ti e tuas ciladas, em tua viva emoção sintética a ponto de parecer real, emaranhado no desconhecido de dentro dele, o outro - que no lado oposto do sofá cruza as mãos sobre os joelhos, quase inocente, esperando atento e educado que de alguma forma termines o que começaste.
Muito mais que com amor ou qualquer outra forma tortuosa da paixão, será surpreso que o olharás agora, porque ele nada sabe de seu poder sobre ti, e neste exato momento poderias escolher entre torná-lo ciente de que dependes dele para que te ilumines ou escureças assim, intensamente, ou quem sabe orgulhoso negar-lhe o conhecimento desse estranho poder, para que não te estraçalhe entre as unhas agora calmamente postas em sossego, cruzadas nas pontas dos dedos sobre os joelhos.
Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não conseguirás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dele, em algum cheiro estranho o cheiro preciso dele.
Que não suspeitará da tua perdição, mergulhado como agora, a teu lado, na contemplação dessa paisagem interna onde não sabes sequer que lugar ocupas, e nem mesmo se estás nela. Na frente do espelho, nessas manhãs maldormidas, acompanharás com a ponta dos dedos o nascimento de novos fios brancos nas tuas têmporas, o percurso áspero e cada vez mais fundo dos negros vales lavrados sob teus olhos profundamente desencantados. Sabes de tudo sobre esse possível amargo futuro, sabes também que já não poderias voltar atrás, que estás inteiramente subjugado e as tuas palavras, sejam quais forem, não serão jamais sábias o suficiente para determinar que essa porta a ser aberta agora, logo após teres dito tudo, te conduza ao céu ou ao inferno. Mas sabes principalmente, com uma certa misericórdia doce por ti, por todos, que tudo passará um dia, quem sabe tão de repente quanto veio, ou lentamente, não importa. Por trás de todos os artifícios, só não saberás nunca que nesse exato momento tens a beleza insuportável da coisa inteiramente viva. Como um trapezista que só repara na ausência da rede após o salto lançado, acendes o abajur no canto da sala depois de apagar a luz mais forte no alto. E finalmente começas a falar.
 

segunda-feira, 9 de agosto de 2010



"A ordem é ser feliz
Por toda eternidade
Feito prisão perpétua
Entre sorrisos falsos e amenidades"











Leoni e Luciana Fregolente

sábado, 31 de julho de 2010

Caro amigo,



Escrevo-te essa carta para falar da grande felicidade que sinto ao te ver, da felicidade que senti ontem e da que já sinto agora por antecipação, afinal, tu estarás lá.
Quero te entregar essas palavras mal escritas, frutos do amalgamado de coisas que carrego vivas e quentes no peito. Sei que tu entenderás:

Lembra quando nos diziam que tudo é questão de tempo?
Pensávamos... Ah, esses adultos! Acham que temos tempo sobrando a ponto de esperar por algo!
De tantos planos que tínhamos o dia todo era muito pouco e as horas em que nos reuníamos para sonhar eram valiosas.
Se tivéssemos continuado como naquele tempo precioso, talvez tivéssemos conquistado o mundo, talvez trouxéssemos um mega show para a cidade ou quem sabe um circo (onde seriamos os três palhaços), talvez vivêssemos só de amor ou de vodka.
Consumimos tanto tempo imaginando que nos esquecemos de pensar que certamente um dia tudo seria realidade e que enfim as nossas realidades não seriam mais as mesmas.
Fato.
Hoje somos realizados e não imaginamos mais nada juntos.
Acho que hoje até concordamos com os “velhos” que nos diziam que tudo é questão de tempo, porque é mesmo.
É só questão de tempo para que tenhamos saudades, para que o porta retrato fique empoeirado e para que nosso grande plano fique obsoleto. 

Ramona C. Reichert
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Dedico com amor esse breve texto para nós, os três mosqueteiros ou patetas de sempre! Geison, Diego e eu.
Ps: GEJOBI (eles sabem!)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Um Sopro de Vida - trecho

"... E quando voce me dá sua mão fria, eu, a quente, sinto um arrepio na espinha e te mato, mato, mato até voce ficar completamente morto e inaproveitável para qualquer outra mulher, eu de novo te mato, mato e mato.
Eu não quero você para nada "seu" mão fria.
Vou por aí procurar mão quente, e mando você para a puta que te pariu meu grande amor..."

Clarice Lispector

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Roda Viva



É, acho que estou em uma fase meio Chico Buarque.
Queridos, não caçoem das minhas "velharias"... eu adoro! hehe

terça-feira, 6 de julho de 2010

Carolina


Sabe, às vezes lembro-me de Carolina.
Menina que sempre pareceu mais jovem do que era e que tardou a tomar formas,
Suas lindas, bem definidas e delicadas formas femininas.
Carolina parecia doce, mas era veneno.
Nunca teve talento para ser vítima e de suave só tinha a pele
Clara pele que escondia temperamento de leoa.
Ah! Quantas paixões ela despertou...
Tantos corações partiu com sua natural indiferença.
Lembro-me de ter visto homens, homens grandes chorando por ela em meus ombros.
Carolina nunca teve tempo para eles.
Ela era noturna. Dormia com o sol alto e saia ao entardecer para voltar quando o sol nascia.
Estranho, todos demoramos muito para perceber que Carolina não era comum.
Não era como eu, ela, ele, como nós.
Carolina era diferente.
Nunca gostou de estudar, nunca pediu permissão, nunca hesitou diante de uma decisão e nem teve medo de qualquer perigo.
Ela não parecia desse mundo e sempre surpreendia.
Carolina um dia cortou os cabelos longos, os revoltou, comprou novas roupas, incomuns como ela e preparou as malas.
Ninguém acreditava, mas Carolina já tinha o apartamento alugado, as passagens compradas e um novo rumo traçado.
Foi embora.
Depois que descobriu que a vida estava toda fora, longe de nosso “casulo” foi cada vez mais pra longe.
Hoje sabemos, a Carolzinha é mulherão que nasceu para a arte.
Hospeda em seu corpo um milhão de mulheres e homens... hospeda em si todos os personagens que espera ansiosa por poder revelar.
Carolina vive muitas vidas, e só o faz porque um dia abriu mão da dela.
Da pacata vida que levava ao meu lado.

Ramona C. Reichert


domingo, 4 de julho de 2010

"Que cada um diga o que fez,
a que veio
e por que ficou.
E que cada um tenha a coragem de,
não sabendo por que permanece,
retirar-se".



Boal

segunda-feira, 28 de junho de 2010


Geison, tu fez o poema mais lindo do mundo e ele agora mora do lado do meu travesseiro. Te amo, e eu achava que a surpresa era a barba O.o


                                                                                                                                                                    

Ops!

Sem versos, rimas, poemas e blá blás para hoje.
Não tenho nada para postar além da transcrição de uma reflexão que tem me acompanhado.

Para que tanta pressa?
Tenho corrido demais, trabalhado demais, estudado demais, esquecido demais de mim.
Onde eu fui parar?
Tenho errado demais, perdoado demais, muito mais que deveria. Tenho pensado pouco e olhado menos ainda para mim. Tenho me atropelado sem piedade.
Onde estão minhas vontades?
Acordar, trabalho, trabalho, academia, estudo, estudo, estudo, estudo, estudo, namoro, dormir, acordar, trabalho, trabalho, academia, estudo, estudo, estudo, estudo, estudo, namoro, dormir, acordar, trabalho, trabalho, academia, estudo, estudo, estudo, estudo, estudo, namoro, dormir, e nas férias? Só susta o trabalho por 15 dias, porque nem do estudo eu escapo.
Virei uma louca em guerra com o relógio, uma doida que vive três anos em um.
Nem todos os objetivos da minha vida são meus, os planos já estavam feitos, minha parte neles é realizar...
E os meus amigos onde ficam nessa rotina acelerada?
Ah, amigos eu tenho, pena a maioria ter ido embora. Meu amigo irmão agora está há km e km de distância de mim junto com a minha irmã amiga. Outra amiga irmã do outro lado do mundo e outra mais perto, mas muito ocupada para aceitar um convite meu, para me procurar, muito cansada para ter vontade de me ver.
Além disso, tenho me sentido hipócrita.
Eu vejo, ouço, respiro injustiça recorrentemente e não posso fazer nada.
Quer dizer, posso, mas e a conveniência? A podridão da conveniência também tem pouso na minha vida em cada vez que a minha vontade é gritar, bater, esmurrar, fazer as coisas diferentes e que lembro das regras, que lembro do meu lugar, e não pulo do muro. Lá fica a hipócrita mantendo o caminho do meio para não cair (assistindo de um ponto alto a queda de alguns e o reinado de outros).
Aaaah... tenho me revoltado demais também.
Sabe, conclui que pobreza e riqueza não são relacionadas ao dinheiro e sim ao espírito, a sabedoria. Sabedoria: este foi outro conceito que mudei. Sabedoria é inteligência e inteligência nem sempre é conhecimento.
Ultimamente tanta coisa tem acontecido, tanta coisa que jamais imaginei que me aconteceria, coisas com as quais eu não contava no meu roteiro, coisas muito boas e decepções pavorosas. Decepções porque as pessoas têm mudado também, ou têm se revelado, ou mesmo, talvez meus olhos estejam mais abertos, minha mente mais atenta.
Em função disso eu mesma mudei... antes eu era uma, agora sou múltipla, com uma faceta para cada situação, uma defesa para cada ataque, um ataque para cada ameaça.
Eu só não queria que fosse assim.
Queria minha avó por perto para quebrar tudo toda vez que alguém faz uma burrada, para me defender, para sacudir o mundo se ela achasse necessário e para me abraçar depois. Impossível, e eu lamento. Diante disso me resta tentar parecer mais com meu pai, aprender mais ainda com ele que é um homem sábio no meu novo conceito.

                                                                                                                                                                    
“Nem sempre se vê mágica no absurdo.
Nem sempre se vê lágrima no escuro”.