terça-feira, 6 de julho de 2010

Carolina


Sabe, às vezes lembro-me de Carolina.
Menina que sempre pareceu mais jovem do que era e que tardou a tomar formas,
Suas lindas, bem definidas e delicadas formas femininas.
Carolina parecia doce, mas era veneno.
Nunca teve talento para ser vítima e de suave só tinha a pele
Clara pele que escondia temperamento de leoa.
Ah! Quantas paixões ela despertou...
Tantos corações partiu com sua natural indiferença.
Lembro-me de ter visto homens, homens grandes chorando por ela em meus ombros.
Carolina nunca teve tempo para eles.
Ela era noturna. Dormia com o sol alto e saia ao entardecer para voltar quando o sol nascia.
Estranho, todos demoramos muito para perceber que Carolina não era comum.
Não era como eu, ela, ele, como nós.
Carolina era diferente.
Nunca gostou de estudar, nunca pediu permissão, nunca hesitou diante de uma decisão e nem teve medo de qualquer perigo.
Ela não parecia desse mundo e sempre surpreendia.
Carolina um dia cortou os cabelos longos, os revoltou, comprou novas roupas, incomuns como ela e preparou as malas.
Ninguém acreditava, mas Carolina já tinha o apartamento alugado, as passagens compradas e um novo rumo traçado.
Foi embora.
Depois que descobriu que a vida estava toda fora, longe de nosso “casulo” foi cada vez mais pra longe.
Hoje sabemos, a Carolzinha é mulherão que nasceu para a arte.
Hospeda em seu corpo um milhão de mulheres e homens... hospeda em si todos os personagens que espera ansiosa por poder revelar.
Carolina vive muitas vidas, e só o faz porque um dia abriu mão da dela.
Da pacata vida que levava ao meu lado.

Ramona C. Reichert


2 comentários:

  1. Oi,tudo bem ? Muito legal o texto ! O teu blog tá super caprichado !
    beijo

    ResponderExcluir
  2. Ai Mona...isso é covardia! TE AMO

    ResponderExcluir