sexta-feira, 26 de março de 2010


Há corações que batem juntos, e
Há quem mereça apenas batimentos ocos e solitários.

Os pobres de alma e de coração só,
Lamentam a alegria dos amantes, dos amados.

Tentam manchar sorrisos, derrubar pilares fortemente embasados.
Tentam confundir o que é perfeitamente definido,

Mas saem com a cara suja, o equilíbrio dos passos abalado
E a torcida mais sincera para que caiam no buraco fundo que cavam sozinhos.

Quem ama é a segurança de quem é amado.
Eu sou segura, eu asseguro.

Há quem não meça a proporção do mal que faz,
Há quem não note o mal que é.

Infame
Inconstante e
Indigna de qualquer bem.

A superficialidade destrói.
Só o amor constrói.

Eu nutro desprezo pelo que não me convém.


(Ramona C. Reichert)
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Amo todos os amigos que aparecem aqui para admirar o que escrevo ou apenas para saber como estou, uma vez que é aqui que encontram os meus excessos, o que supera os limites da minha alma e dos meus sentimentos.
Para esses eu digo que meu coração não bate sozinho. Eu sou segura e asseguro.

Para os outro só tenho a dizer que estou tomando banho de sal grosso! aheuaheuahe

Beijinho pra quem passar por aqui (sem distinção)

domingo, 21 de março de 2010

Aaaaaaaaaaah,
Clarice ultimamente sentia a vida lhe doer.
O amor lhe doía.
A raiva lhe doía.
A decepção lhe doía.
A própria dor só lhe fazia doer mais.

Mas Clarice, pobre, ainda amava.
Pensou que a decepção não acabava com o amor.
Pensou que o amor só morreria se ela deixasse a dor que lhe matava o matar também.

Clarice estava certa.
Resolveu cuidar do que sentia,
Fazer do perdão uma bengala pra dois.
Mas, embora estivesse alimentando seu amor, ainda não sabia o que fazer da dor.

E você lhe pergunta dos seus planos?!
Calmamente ela responde: - o prédio foi implodido, o apartamento e as almofadas destruídos.
Mas em seus pensamentos ainda se alinha: com esforço a gente ergue ele outra vez. Ou não.

Ramona C. Reichert

quarta-feira, 17 de março de 2010

A Rua dos Cataventos - XVII

Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.

Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.

Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!


Mário Quintana

terça-feira, 16 de março de 2010

Clarice, por Clarice


Clarice era mulher arredia, mas acordava todas as manhãs com a bandeja de café na cama e a certeza de que era amada.
Ainda que tivesse partido uma vez, era mulher reta, mulher que respeita, mulher que jamais trairia a confiança de alguém.
Clarice amava demais, a moda dela, meio avessa, mas muito zelosa.
Clarice queria mudar o mundo, e começava pela vida de quem queria bem.
Clarice sempre foi grata e esperava a mesma gratidão de quem lhe tinha o melhor.
Porém um dia, Clarice se decepcionou e chorou.


Quando Clarice segurava uma mão, segurava forte e não soltava.
Clarice não esperava ter a mão decepada. Era sincera.
Além disso Clarice assumia toda e qualquer atitude que tivesse, como quando foi embora deixando o bilhete e ligando um ano depois.
Clarice nunca fui hipócrita.


Clarice nunca devia ter voltado.
Mas aprendeu muito.
Aprendeu que lindas palavras não provam amor.
As palavras sempre podem ser manipuladas, as palavras nem sempre são sinceras.
Aprendeu que um rosto angelical pode esconder uma monstruosidade de inverdades e a mais absoluta falta de caráter, que dois olhos claros e doces podem tapar um penhasco de más intenções.
Aprendeu que muitas vezes os braços que estão abertos à sua espera só estão ali pra te sufocar antes de te dar o empurrão final e fatal.
Clarice aprendeu mais,
Aprendeu que quando alguém a acusava injustamente por algo, era porque tinha em si a culpa de ter feito ou sentindo o que acusava e era covarde demais para assumir.
Clarice um dia viu, entendeu, se convenceu.


Clarice foi ingênua, sua carência a fez viver uma mentira cor de rosa.
Clarice queria um apartamento com almofadas coloridas e um grande amor.
Queria preparar um jantar simples, e manter tudo em ordem por uma afável vida a dois.
Implodiram o prédio em que Clarice compraria seu apartamento com todos os sonhos dela dentro.


Mas Clarice é mulher madura,
Achava que já havia passado pelo pior em sua vida, mas compreendeu que o que ela achava ser pior estava muito mais envolto em hombridade do que o que esfregaram em sua face pequena, agora com olheiras fundas, em uma noite que devia ter sido feliz.
Eis sua derrocada.

Clarice agora é mulher traída
E acorda todas as manhãs com a sensação fria do fio da faca rompendo em suas costas.

domingo, 14 de março de 2010

O Mistério - Lobão

"Acho que o mistério me escapa

E daí que estou cansado????????????

Talvez um dia eu acabe por me convencer
De que estou enganado...
E ache o porquê
De todo o mal parado
Que eu senti sem ver
E talvez um dia respirar sem medo

Nada me leva a crer que eu descubra
Todo esse segredo a tempo.

E a vontade de saber o que aconteceu
Não me sai do pensamento,
Não me deixa respirar.

Não me sai da idéia o tempo
Até o mistério clarear
E depois de tudo descansar sem medo"






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Tem dias que eu acho que quando nasci o Lobão recebeu o roteiro completo da minha vida pra fazer a trilha sonora.
Adoro o cara.

sábado, 13 de março de 2010

Teria sido tudo tão diferente,
Inclusive esses dias de pouca luz e serração baixa.
Seria mais fácil olhar pra mim,
Sem ver o que me tornei.
Seria mais fácil pra mim,
Não ter mudado tanto assim.
Iria em frente sem medos, sem trancos e barrancos
Sem tropeços e atropelos.
Seguiria adiante com certezas, convicta.
Com o sol e a sombra aliados.
Mas tudo bem,
Só assim aprendi que a dor anestesia.
Se não fosse fria, não sobreviveria.
Se as vezes não me rendesse à ira,
Sequer pulsaria.
Do tempo em que eu ainda sentia,
Restam as lembranças que cultivo,
A estagnação diante da morte
E a suave espera por ela.


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Sei que o Geison vai achar que falta um pedaço, mas só consigo transcrever fragmentos de sentimentos.
Se eu lapidar o texto ele perde a essência, pelo menos pra mim.

sábado, 6 de março de 2010

Aos meus amigos

É...
Amanhã completa sete dias desde o sarau de despedida de dois grandes amigos. Lamento não ter podido postar algo a respeito no decorrer da semana, mas espero que ainda esteja em tempo.

Foi um entardecer incrível, com textos incríveis, interpretações incríveis, enfim, tudo tão incrível quanto ambos. Não esperava ter me entristecido naquela ocasião, estávamos todos felizes por estar ali, juntos, admirando a arte, a poesia, a boa música.
Mas em um último momento, quando um deles resolveu ler uma crônica do jornalista Paulo Santana, que fala sobre amizade dizendo lá pelas tantas: “Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências (...) Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos...” eu não agüentei, só ali eu percebi o que estava acontecendo, eles estavam se despedindo, entendi que aquele seria nosso último momento juntos por um bom tempo, eu chorei. Nossa! Como chorei. Chorei ainda, muito tempo depois de ter saído do bar. Chorei quando cheguei em casa, chorei antes de dormir, chorei., chorei de saudade adiantada deles, e toda a saudade dos amigos que já foram embora há masi tempo. Lá no sarau, um deles vendo minhas lágrimas ainda exclamou: Ramona! Mas tu é a forte da turma. Coisa nenhuma, querido, porque como Paulo Santana, eu suporto tudo, menos estar distante dos meus amigos.
A bem da verdade sei que não foi só por isso que chorei, foi por muito mais, foi de alegria por saber que os dois estão com sonhos, que eram distantes, na palma das mãos agora. Chorei porque sei que a despensa e o pote de balas de goma lá de casa vão ficar por um bom tempo cheios sem meu “irmão de pura rebeldia” por perto para acabar com eles. Sei que vou sair pra rua nas sextas a noite e nenhum cara todo escabelado, de all star rasgado e mochila vai vir filosofar comigo (Só digo assim: não digo nada). Eu sei que nos meus momentos de maior desequilíbrio, como hoje, não vou ter um doido insano do meu lado pra me botar no prumo.
Sim, parece contraditório, mas é verdade, ainda que seja uma verdade antagonica: aquele doido é meu equilíbrio. Sim, você deve estar se perguntando “ porque tanto drama Srta. Ramona”? É, eu sei que de vez em quando eles virão, visitarão a família, os amigos mais chegados antes de irem embora outra vez, mas pessoas como eles a gente quer sempre por perto. Eu, aliás, preciso ter sempre por perto. Eu sabia que sentiria falta, mas já estou sentindo de fato que essa falta é bem maior do que eu pensava. Pois é, agora estão os dois a cerca de 360km daqui, cheios de novas atividades, próximos de novos amigos, novas “indiadas”, novas histórias e aventuras para viver e contar. Eu estou a cerca de 360km longe de usar a maquiagem Sommer outra vez...hehehehe (escrevi isso só pra ver se eu paro de chorar, mas não adiantou. Por essa praga eu até suporto um olho roxo) Chego à conclusão de que Rolante, por mais que a gente o ame, ficou mesmo muito pequeno pra nós, pequeno pros nossos sonhos, planos. Eu fui a única que ficou e tenho que aprender a conviver com a saudade de quem se mandou seja pra Malásia, seja pra Novo Hamburg ou ainda pra Santa Maria. O fato é que muito além da saudade, sinto orgulho de todos eles e torço todos os dias, todos os minutos por eles e para que sejam sempre, sempre e cada vez mais felizes e realizados, como éramos quando estávamos todos aqui, juntos, saindo da escola com as mochilinhas nas costas e tirando o sossego de todo mundo por aqui.

Geison, Ander, Dominha, Carol, Mari.... amo vocês.