sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

- O que ela está esperando?
Perguntou o rapazinho inquieto.

- A chuva passar!
Disse o outro, mais sereno.

- Não entendo! Há dias não chove na cidade.

- Para ela chove! A chuva brota de seu peito e escorre pelos olhos.

- E por que não sai dali?


- Ela gosta da chuva.

- Quem pode gostar da chuva?

- Quem gosta do choro!

- Como pode alguém gostar do choro?

- Alguém consegue sorrir o tempo todo?

- Entendi. Me avise a hora que ela perceber que meu amor por ela só faz sol!


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"- Um dia vi o Sol pôr-se quarenta e três vezes!E pouco depois acrescentaste:
- Sabes...quando se está muito, muito triste, é bom ver o pôr do Sol...
- E estavas assim tão triste no dia das quarenta e três vezes?
Mas o principezinho não me respondeu. " (O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Hoje a chuva não permitiu que a luz se mostrasse
A água levou mansamente as horas do dia
Agora, a noite vem chegando com aquela aragem que bate na pele como se dissesse: - você está vivo!
E eu aqui, trancado.
Trancado no escuro, no fundo, no fim.
Trancado em mim.

Aqui, ardendo em febre
Transpirando saudades, ausências, ansiedade.
Uma febre nostálgica

Aqui, cultivando o egoísmo
Aquele de quem quer encurralar, agarrar, amarrar.
Mas o que?
A pergunta é:
Quem?

Eu continuarei aqui
Sentindo o coração bater oco,
Dizendo que ainda pulsa em mim o sangue
Sentindo o ar pesado
Dizendo que meus pulmões ainda precisam dele

Sentindo meu corpo
Dizendo, gritando, com a aragem da noite
Que fisicamente ainda vivo.

Talvez a noite traga algum conforto,
Apazigúe o susto que é saber disto

Preciso mesmo dormir/morrer um pouco.


Poema antigo que não diz muito sobre mim atualmente (ainda bem! hehehe), mas está valendo!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009


Sinto-me prestes a mergulhar no desconhecido.

Sinto que estou tentando vencer o breu para alcançar o brilho.

Quero outra canção para ritmar minha vida,

uma melodia leve para inspirar meus dias.

Ouço meu coração pedir paz.
Minha razão clama por clareza.

Mas sei que nem meu coração

Nem minha razão

entendem o socego daquele sorriso,

o bem estar naquela presença.

Sei que quero mergulhar no desconhecido daquele abraço

E encontrar o brilho no claro daqueles olhos.

Quem sabe daí surja uma boa estrofe pra minha canção.


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De uns tempos pra cá os dias estão nascendo com mais cor.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Quem é essa que acorda todas as manhãs
Com o meu corpo?
Quem é essa que passeia por ai
Vestida de mim?
Quem é essa que tem tentado a todo custo
Me ser?

O reflexo no espelho está distorcido.
A imagem só reflete confusão.
Ao ver, travo uma luta com esta que me tomou sem autorização.

A desgraçada instalada em mim insiste em sentir, sentir, sentir.
Tento me livrar da doença que ela me causa
Tento me curar em vão das seqüelas do que ela faz.

Miserável de espírito livre
Miserável indomável.
Me abafa, me afoga, me toma
Sem pudor, sem freio, sem regra.

Será mesmo que ela tenta me ser?
Ou será que ela é o que quero ser?
Será que somos a mesma?
Ou somos duas da mesma?

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

AO MEU MELHOR AMIGO



Ele disse: eu não quero ser igual! Não quero ser normal! Não quero ser mais um!
Escolheu como filosofia de vida a liberdade, a felicidade.
Manifesta em todos os momentos sincera lealdade.
Admirável, sensível, indispensável.

Sempre que chorei, abriu os braços para me abraçar.
Sempre que sorri, abriu um sorriso para me acompanhar.
Sempre que sonhei, abriu o coração para a imaginar.
Quando eu errei, ele entendeu.
Quando me desesperei, silenciou.
Quando me alertou, aceitei, mudei.
Quando exagerei, apenas falou:
"Só digo assim: não digo nada"

Faz parte do seu modo liberto de ser
não se envolver, se permitir viver.
Faz parte do seu modo liberto de ser
deixar que os outros sejam, se permitam!

Quando ele mandou tudo pro inferno
Fiquei todo o tempo por perto
Atenta.
Pronta pra socorrer.
Quando ele decidiu retormar a vida
Continuei todo o tempo por perto.
Feliz.
Pronta pra compartilhar.

De tudo que vivemos, sonhamos, aprontamos, gritamos,
De todos os tombos que levamos juntos ou os que um segurou o outro,
De todas as vitórias que tivemos juntos ou as que um comemorou com o outro,
De todas as histórias, encrencas, memórias,
Só fica a certeza da importância da amizade.
Do amor que a envolve.
Da alegria de sua existencia
De sua extrema importância no meu caminho.

Aiii
não ficou como eu gostaria, mas precisava escrever algo pra essa pessoinha que cuida de mim, me apoia e me incentiva sempre, em tudo, inclusive a escrever.
Obrigado por tudo Geison.
Em breve a Minha Mari estará "escrita" aqui também

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

"Era uma vez" é tão corriqueiro! "Era uma vez" é tão trivial! Ideal para a história que tenho para contar.

Era uma vez uma mocinha, pequena, sabida, silênciosa.
Acordava todas as manhãs ainda com o peso do dia anterior. Fingindo não ligar , carregava seu fardinho pelos "amanhãs" encenando leveza! Ensaiava alguns sorrisos, exibia certa simpatia, mas não podia expor a alegria que não sentia.
Deixava o tempo correr conformada, sem ansiedade, sem muita calma, apenas permitia que passasse, sem que ela se sentisse parte dele. Era alheia ao tempo.
Todas as noites saia sozinha, batia na mesma porta e esperava que aquela senhora de vestes coloridas e olhos brilhantes e saudosos abrisse a porta. A senhora atendia pelo nome de Lembrança, estava sempre muito disposta esperando que a pequena a chamasse.Esta a convidava para um passeio, Dona Lembrança sempre aceitava. Saia livre pela porta de encontro à pequena que se sentia bem na presença dela. Dona Lembrança fazia ela rir, gargalhar, reviver. Mas quando Dona Lembrança se recolhia a sua casinha outra vez a menina parecia cair. Ficava insegura, vazia, frágil, sozinha. A senhora de olhar cintilante era sua única companheira, a única que ficou do seu lado. Se afastar dela era se afastar do tudo.
A pequena mal sabia que não precisava se preocupar, Dona Lembrança jamais a abandonaria de vez. Ela nunca abandona, nenhum de nós.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Como fazia todos os dias, entrou naquele lugar que a desagradava. Era um rapaz alto, forte, de pele clara e cabelos escuros. Apesar da pouca idade aparentava uns trinta anos para aqueles que não tinham a alegria ou o desprazer de desfrutar ou ser vítima de sua infantilidade incorrigível.
Ultimamente ele se sentia diferente, percebia algo estranho em si, algo como paz ou vazio.
Ela, também de pele clara e longos cabelos escuros, ainda passava por ali todas as manhãs, porém agora o corpo dele não estremecia quando a via, nem procurava mais desviar o olhar. Não reprimia os sentimentos, sequer os tinha. Sua face exibia a mais pura expressão de ausência, como um poço profundo e seco.
Não entendia o que estava acontecendo. Não sabia que este estágio de inércia sentimental só vem quando a dor passada foi tamanha a ponto de anestesiar.
Dor demais insensibiliza.
Aqueles dias sem cor, sem dor, sem amor, cheios de nada eram os que lhe ensinariam que os corações mais frios são os que mais sentiram antes do inverno os invadir.
Entenderia então que aquilo só estava contecendo com ele porque um dia, por sua causa, o mesmo aconteceu com ela.
A dor de ambos, que era a mesma, os tornou insensíveis.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009


Ela estava ali sentada. Tentando sustentar, sem perceber, seu ar de mulher inabalável.
Folhava um livro grosso graciosamente e só de vez em quando olhava em volta por cima do óculos.
Quem a via assim altiva, não imaginava que nem prestava atenção nas linhas que os olhos percorriam maquinalmente.
Ela estava em conferência consigo mesma. Estava colocando a cabeça para sentir e o coração para pensar. Suas veias faziam circular pelo corpo, não o sangue, mas a dor existencial que sentia.
A pobre se confundia entre a conduta e o sentimento.
Entre a pose e o desprendimento.
Entre o salto alto e o “vá para o inferno” que latejava permanentemente em sua língua, contido pelo bom senso.
Ela esperava em vão encontrar o equilíbrio. Tudo lhe remetia a mesma fatal conclusão:
- Tenho que ser o que tenho que ser
- Tenho que ser o que esperam que eu seja
- Tenho que ser esta, que até eu já acredito ser.
A um passo da insanidade se entregou de vez aos paradigmas e expectativas alheias.
Calou o próprio coração.
Este, desolado, oprimido pela razão e sem ver sentindo para a sua existência resolveu, repentina e acertadamente: parar de bater.
O livro continuou aberto...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A Rosa Egoísta



De todos as flores que já vi .
Aquela foi a que mais perfume trouxe aos meus dias .
A que mais beleza emprestou ao meu jardim .
A que mais me fascinou os olhos .
A que mais provocou encanto.
Eu cuidei e zelei por ela tanto quanto o Pequeno Príncipe por sua Rosa Egoísta naquele planeta minúsculo e solitário.
Eu a manteria viva e minha por todo sempre.
Lamentável, "nem tudo na vida são flores"!
Agora que meu mundinho está vazio outra vez: Não posso me descuidar com os Baobás!