quinta-feira, 7 de abril de 2016

Quando me deixo levar pela desordem que sinto é que elas surgem.
De repente elas começam a se mexer em mim, independentes.
Sinto-me cheia. 
Desconfortável.
É quando tudo dói.

Sei que só as gero quando há dor. 
Ou quando não há nada, que deve ser a pior dor.

Eu as temo.
Temo o que elas revelam de mim, para mim.
Sim, porque de mim elas saem, mas não me pertencem, nem me obedecem.
Sou obrigada a respeitar o que me é dito por elas/mim.  

E quanto mais eu me jogo no intenso do que vivo, mais elas se fortalecem.
É na minha instabilidade que elas criam autonomia.

No meu caos particular que as palavras nascem.
Nascem e efervescem.

Vão ebulindo com as emoções e me transcendem, me ultrapassam.
Acabam assim, jogadas e sem ordem no papel.

A intensidade não cabe em mim. É bicho e me devora.
Eu escapo por entre as linhas que escrevo, livres e desconexas, em carta para quem/ti/mim/nós/oque?

Que venham, que venham aos montes. 
Que venham turbilhões de palavras para minha fuga. 
Que me transbordem inteira porque estou perdida.
Doidamente perdida.
Doloridamente perdida.

Deliciosamente perdida.