quinta-feira, 15 de outubro de 2009

- Pois bem, vamos ao meu problema:

Há muito tempo não sinto dor, há anos não sinto dor.

Falo de dor no peito, dor que pega, esmaga, aperta, assola. Falo de dor de amor, de dor de horror, de paixão, de renegação, de abandono, de desencontro. Falo de dor sentimental, emocional, besteiral.

Não adoeço mais do coração, não perco a fome por emoção, não emagreço de paixão, não engordo de tensão.

Me calo quando qualquer um berraria de dor, rio quando qualquer um choraria de pavor, fico inerte qualquer um sorriria de amor. E não entendo por que....

Reviro as gavetas velhas e empoeiradas em busca de algo que me oriente, volto aos cantos escuros da minha memória e do meu passado tentando ver explicação, não encontro razão em nenhum livro, nenhum artigo, com nenhum médico, cartomante, benzedeira, curandeira ou macumbeira.

Há quem ache que seja psicológico, uma daquelas coisas que chamam de psicopatologia, para esses eu conto o mistério que sou para os psiquiatras, sim, para os psiquiatras, porque os pobres psicólogos já desistiram de mim. Visito e revisito consultórios, chego a deixar a marca da minha bunda nos divãs, tamanho tempo que passo sentada neles e ninguém, nada explica ou resolve minha inércia emocional.

A bem da verdade acho que meu coração desenvolveu algo que nenhum cientista suspeitaria... anticorpos cardíacos. Sim! Meu coração é o único que desenvolveu anticorpos, entre tantos outros corpos nesse mundo. Minha autodefesa “imunocardíacaemocional” combate qualquer princípio de “microorganismosentimento” que possa alterar o ritmo de seus batimentos afetando assim a minha indiferença geral, qualquer “microorganismoemoção” que possa me desidratar uma lágrima que seja.

Não querido, não se engane! Eu não preciso de transplante! Vocês todos é que precisam.

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