sexta-feira, 11 de junho de 2010

Sabe...



Tem dias que eu rezo ao contrário:
Não peço por mim, mas pelos outros,
Não desejo o bem, mas sim o troco.
Rezo para que cada um assuma o que fez
Porque fez
Para quem fez
E que se dobre inteiro de remorso sempre e toda vez.
Rezo para que cada um sinta a dor, tal qual provocou
E que seque por dentro tanto quanto aquele que chorou.
Não peço que minha dor pereça,
Peço que o estrago aconteça!
Não peço que isso me saia da cabeça,
Peço que tal memória os enlouqueça
E mate-os
Mate-os
E mate-os
Antes que outras vezes o dia amanheça.
Desejo que os fracos sofram por sua covardia
E que suas vítimas recobrem a alegria.
Eu desejo que os infames encontrem a hombridade,
Que deixem de esconder seus erros atrás dos alheios para que pareçam mais verdade,
Para que soem melhores, menores e se confundam com lealdade.
Visto que querem, que peçam a Deus piedade,
Não a mim, ser ingênuo, que da beleza do sentimento só ficou com a parte bruta,
Nunca mais a mim, ser cego, quase imbecil, que se entregou e conheceu a pior face da desonestidade,
E que só espera, por intervenção Divina, sobreviver nessa desilusão absoluta.

Ramona C. Reichert

Um comentário:

  1. Texto forte, como sempre. Parabéns. As três últimas frases são perfeitas. Combinam comigo em alguns capítulos (ruins) da minha vida.

    Um excelente domingo pra ti!

    Beijo.

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