quarta-feira, 19 de maio de 2010

Tem dias que fica tudo tão mais vivo.
Em dias assim...
a percepção se aguça,
os sentidos explodem
e meu corpo é a própria sensibilidade.
Tudo dentro e fora de mim fica fino, frágil e delicado.
E caminho como se mais ninguém estivesse na estrada.

Em dias como esse...
Eu fujo da verdade a qualquer custo mas ela me encontra, me esmaga e me mata de susto.
E fujo da vida como quem foge do algoz, essa vida crua que me esfrega na cara todos os meus enganos.
E ainda fujo das pessoas como quem foge de uma ameaça, essas pessoas que são os meus fatais enganos.


Esses são dias de comparação...
Dias em que eu procuro obsessivamente encontrar o que me diminui e me faz submergir.
Eu procuro ...
a maior beleza,
liberdade,
inteligência,
segurança,
neurose,
o melhor carinho
corpo,
abrigo,
sorriso,
abraço.

Nesses dias....
As coisas são sempre dos outros,
nunca minhas,
e eu admiro o oponente com uma paixão violenta que vem de mim, mas que também não é minha.

São dias em que....
fico em carne viva,
exposta à vida,
expondo a ferida.

Dias em que....
eu me viro do avesso e fico toda pra dentro de mim,
eu me preciso como ninguém
e não preciso de nada além,
porque de mim eu não me defendo,
me mutilo pelo meu próprio prazer masoquista,
e não dou mais esse direito a ninguém.


Ramona C. Reichert

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Desconexo mas preciso.
Melhor não tentar entender.

3 comentários:

  1. Eu entendi!!

    E esses dias te acompanharão para sempre. Chegarão como visitas inesperadas, mas serão bem-vindos!

    Beijo!

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  2. Legal seu texto. Compreendo quando vc diz "As coisas são sempre dos outros"...como se as coisas mais importantes não viessem de nós mesmos. Uma "paixão violenta" pode ser muito mais violenta do que um sentimento duradouro. Talvez esses elementos que vc busca estão de alguma forma relacionados com a sua forma de avesso que vc menciona. Quando a pessoa fica do avesso, seus órgãos mais vitais ficam expostos - daí que ela se torna a mais frágil de todas. O que vc acha, Ramona?

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  3. Bem vindos, Fabrício? Tá me agorando? haueahuehaueh

    Exatamente, Lucas. Mas sabe que não pensei nisso quando escrevi? Fui me dar conta depois quando li o texto de maneira mais "imparcial" se é que se pode ser imparcial lendo um texto próprio.

    Obrigada pelas visitas, meninos.

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