quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Nobre ou Imbecil?

Não é confusão
Ser assim, por ser só sentir.
É fato e é tão puro quanto dói.
Mas é
E em ninguém mais vi isso até então.

Não sei odiar,
Me tomo de ira e viro uma onda que engole o objeto do meu ódio e esparrama rancor por onde passa, forte, implacável, dura e cruel....
mas que nunca dura muito.
Minha maré de ódio logo baixa,
eu nasci para o amor.

Perdôo.
A bem da verdade eu sempre perdôo.
Se alguém tem que sofrer que seja eu mesma,
prioridade secundário da minha própria vida.
Tenho a frente sempre os outros
E no fim...
Amo o adversário.
Olho quem me parte ao meio com admiração por ter acertado a mira,
Por ter tido mais força que eu, porque não é fácil me derrubar.

Eu amo o inimigo.
E vejo beleza nele.
Sei que é o que me instiga...

Nobre ou imbecil?

A conquista é desafio e minha incapacidade para o ódio faz nascer o arrependimento alheio. 


Ramona C. Reichert 

domingo, 12 de setembro de 2010

O Romântico em Mim

Matheus Torreão
 
Se o segredo pra ser feliz é sorrir,
Se o segredo pra sonhar é não desistir,
Eu te peço ó minha amada me diz...
O que é que eu to fazendo aqui?

Não se importe comigo, eu já sei pra onde ir
Vou pra outro universo bem longe daqui,
E quem sabe lá mesmo eu já vou descobrir
Se valeu a pena ou não partir

Porque eu não quero acordar...
Eu não quero entender...
Eu não quero escrever sobre amor pra você...
Eu não quero cantar...
Tudo belo que há...
O romântico em mim não quer mais trabalhar.

Ainda bem que me resta o poder de mentir,
Assim eu vou conservar o que resta de mim.
Só me dê um motivo pra poder destruir
O que sobrou de nosso jardim

Porque eu não quero acordar
Eu não quero entender
Eu não quero escrever sobre amor pra você
Eu não quero cantar
Tudo belo que há
O romântico em mim não quer mais trabalhar

Não eu não quero deixar tudo como está.
Só me faça o favor de deixar tudo com está.

Porque eu não quero acordar
Eu não quero entender
Eu não quero escrever sobre amor pra você
Eu não quero cantar
Tudo belo que há
O romântico em mim não quer mais trabalhar

Não quer mais perdoar ,desistiu sem tentar
Então eu vou deixar ele descansar
Então eu vou deixar tudo como está

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

É essa estranheza que me perturba.
Eu saio e volto e tudo fica do jeito que deixei.
Perturba, mas não é uma perturbação ruim, como não é boa.
Eu estou feliz, embora com uma dor contínua, mas suave, que não dá trégua, como se tivesse no meio do coração um hematoma que não me deixa esquecer que ele existe.
Na casa as roupas estão lisas, o chão limpo, os móveis lustrados, o cachorro está mais feliz e as flores mortas no vaso continuam lá para me recordar que ninguém trará novas.
Tranquilamente eu chego, atiro o peso do dia no chão e me jogo na poltrona. Pela quarta vez eu leio “A Paixão segundo G.H.” e afirmo com ela, eu também não quero o que eu vi e também já não sou nem serei mais a mesma depois do que vi e vivi. Não quero saber quem me odeia um ódio indiferente ou o quanto doeu me desfazer de uma terceira perna que me mantinha segura, embora imóvel. Eu estou sozinha na sala, na casa, na alma, ninguém faz barulho, o telefone não toca e ninguém me oferece um café, posso ler sem perturbações, sem aquelas coisas que a gente vê como perturbações quando quer se convencer de que foi melhor assim.
Percebo que estou mais sozinha do que nunca, mas em paz com a minha solidão, me sinto tão completa na minha condição de mulher que eu mesma me basto.

Ramona C. Reichert

sábado, 28 de agosto de 2010

A casa caiu


A casa já estava mesmo muito suja e o vendaval do fim do verão já havia arrancado seu telhado e abalado sua estrutura.
Tentei com a ardente dedicação de quem tenta salvar a própria vida reconstituir todos aqueles porta retratos espatifados como confiança traída, colando caco por caco com o desejo mais puro de que voltassem a perfeição sem qualquer vestígio de queda, de descuido, de agressão.
Inútil.
Ingenuidade.
Também já não era mais possível salvar os livros de cabeceira, encharcados, transfigurados, embebidos de uma água que não era da chuva que invadia o espaço e logo me afogaria, mas de uma água salgada amarga.
Sabia que cedo ou tarde teria que fazer as malas e abandonar o barraco ruído que inutilmente eu tentei reconstruir, antes que ele caísse sobre a minha cabeça de vez e provocasse cicatrizes ainda piores do que as que provocaram os cacos dos porta retratos quebrados.
Eu não quero culpar o vento, a água, os cortes, nem quero me sentir fraca por não ter conseguido segurar as paredes.
Só quero sair com a minha mala leve, sem o peso de culpas que não são minhas, embora eu as tenha comprado, e das dores que não me permito sentir porque eu fiz o que pude.  A minha mala vai leve para eu poder buscar tranqüila outro abrigo, forte e com boa estrutura, claro, arejado, limpo e de preferência bem no alto, em alguma montanha onde o ar seja fresco e a vista linda.

Ramona C. Reichert
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Ultimamente tenho feito coisas que há muito tempo não fazia, até ouvir Angra


"Make believe
There's no sorrow in your eyes
Can't you see
We could never get back from the start
Minutes waiting, life's been wasted

And I've tried,
Maybe you deny
Words of peace
For the future of our lives
Bring to me
Something else than a broken heart
I won't wait 'till my life is wasted"